Introdução
As intervenções de tempo limitado têm demonstrado uma tendência crescente de aplicação nos mais variados contextos. Na saúde pública, predominam grupos com função mais terapêutica. Na educação e nas organizações, prevalecem os psicoeducativos ou de desenvolvimento pessoal e/ou grupal. Atendem aos novos paradigmas de saúde, que buscam melhores condições de vida, utilizando todos os recursos materiais, culturais, sociais e psicológicos disponíveis.
Ao trabalharmos com grupos, os princípios definidos por Moreno constituem a base teórica para a avaliação da evolução grupal e de seus participantes e para a escolha da estratégia de coordenação. O psicodrama é uma modalidade de intervenção que favorece o aspecto vivencial, condição valorizada para mudanças pessoais. Porém, outros referenciais teóricos têm sido agregados, como estudos da psicologia social sobre comportamentos esperados em grupos funcionais e a concepção de estrutura grupal da teoria sistêmica.
Essa modalidade baseia-se na expectativa de benefícios máximos com o menor investimento, financeiro e psicológico. Tem um final definido e sessões previamente planejadas, tomando como referencial características da população atendida e do contrato estabelecido. A limitação do tempo tende a trazer maior intensidade ao trabalho e estimula a aplicação mais rápida na vida (MacKenzie, 1990).
O destaque na atualidade tem sido o trabalho com grupos homogeneizados, isso é, os participantes são agrupados de acordo com certos critérios, tais como:
- Sintoma (pessoas com disfunções sexuais, cardiopatas, diabéticos, obesos e outros).
- Etapa da vida (predominam temas universais): início da vida adulta (constituição da família, carreira profissional etc.); meia-idade (afastamento dos filhos, casamento, aposentadoria etc.); pós meia-idade (saúde, qualidade de vida, sexualidade etc.).
- Resolução de problemas (lutos, agressividade, autoimagem prejudicada etc.).
Alguns são homogeneizados pelo gênero. Fleury (2006) apresentou algumas características específicas dos grupos de mulheres, modalidade muito utilizada atualmente.
Essa condição homogeneizada facilita o processo de identificação de um membro com os demais. Ao mesmo tempo, torna possível determinar os principais fatores de risco para a população a ser atendida, que são inseridos em programa preestabelecido com sessões tematizadas.
A avaliação de resultados dessa modalidade de intervenção tem comprovado seu enorme potencial para aplicação em grupos com enfoque socioeducativo.
O conceito de grupo
Os pioneiros nos estudos de grupos (Moreno, Slavson, Foulkes, Bion e outros) seguiram caminhos diversos, porém com alguns princípios comuns a todos eles, com destaque para a concepção de grupo como uma entidade unitária e para a identificação de alguns princípios que regem seu funcionamento e evolução.
As proposições filosóficas e metodológicas de Moreno (1993, 1994a, 1994b) fundamentam a conceituação de grupo como um sistema vivo em contínuas transformações, caracterizado por forças de aproximação, afastamento e indiferença entre os integrantes, reveladas na matriz sociométrica[1]. Constitui-se assim por uma potência interna inicial em contínua interação com o ambiente em que está inserido, produzindo uma estruturação ativa de sua forma e organização, que resulta em algo único e imprevisível, fazendo que cada grupo tenha sua própria identidade.
A teoria geral dos sistemas traz também importantes contribuições pela possibilidade que oferece de compreensão da complexidade dos grupos, considerando diferentes níveis de organização. Nessa teoria, dois conceitos são particularmente importantes. O primeiro deles é a noção de fronteiras. MacKenzie (1990) salienta que esse conceito pode ser compreendido num sentido físico (porta fechada da sala) ou psicológico (consciência de que duas instâncias são diferentes). Nas intervenções socioeducativas, a principal fronteira é aquela que diferencia a cultura interna do grupo do que ocorre no mundo externo, responsável pelo fortalecimento da identidade grupal.
O segundo conceito é o de permeabilidade no funcionamento da fronteira. Segundo MacKenzie (1990), a abertura favorece a aquisição de novas informações, a disponibilidade para correr riscos e mudar. Por outro lado, o fechamento favorece a reorganização do eu. Nos grupos, os participantes vivenciam períodos de mudança intercalados com aqueles de maior reflexão e consolidação.
Num sistema social, de acordo com esse mesmo autor, funcionam diversas fronteiras (Figura 1):
- Externa: relativa a temas e experiências que criam um sentido de grupalidade. É particularmente importante no início da atividade grupal.
- Interpessoal: relativa às interações entre os membros do grupo.
- Subgrupos: relativa aos subgrupos existentes na estrutura grupal, que podem ser flutuantes. Na Figura 1, ela vai além do grupo pela possibilidade de envolver questões referentes à socialização externa.
- Liderança: relativa ao líder designado, que tem maior influência e responsabilidade. Pode conter uma equipe de coordenação (co-terapeuta, observador, supervisor).
- Subsistema individual: relativa ao “sentido de eu” do indivíduo ou aos seus aspectos conhecidos pelos demais. MacKenzie salienta que estados internos são reconhecidos por meio de interpretações do que é observado do comportamento interpessoal, o que facilita a atenção a esses padrões relacionais.
Figura 1 – Diagrama estrutural de um pequeno grupo com as fronteiras identificadas
Considerando-se esses referenciais teóricos, define-se grupo como um sistema composto de pessoas reunidas e com uma tarefa ou função comum, que é a de formar e manter o sistema, constituindo-se, portanto, numa estrutura dinâmica de interações, com o conteúdo em desenvolvimento.
Fatores terapêuticos nos grupos
O grupo caracteriza-se como um microcosmo social com importantes propriedades terapêuticas, de acordo com Yalom e Leszcz (2006). Esses autores apontaram importantes mecanismos de aprendizagem e sistematizaram vários fatores terapêuticos que operam nos grupos.
MacKenzie (1990) sistematizou esses mecanismos em duas categorias:
- decorrentes das interações grupais: apoio mútuo (esperança, aceitação, universalidade, altruísmo), auto-exposição (emoção e integração), aprendizagem com o outro (modelagem, aconselhamento, educação);
- decorrentes das intervenções terapêuticas: aprendizagem interpessoal (feedback e experiência relativa a novos comportamentos) e autocompreensão (experiência emocional corretiva).
Esses fatores atuam em todos os grupos e devem ser estimulados sempre que possível.
Yalom e Leszcz (2006) descreveram a instilação e a manutenção da esperança como importantes fatores terapêuticos. Na etapa de preparação para a atividade grupal, favorecem o enfrentamento das dificuldades próprias de uma experiência desconhecida. Um outro fator relevante nas intervenções de tempo limitado é a universalidade, relativa ao reconhecimento de preocupações semelhantes. Contribui para a identificação com o outro e o envolvimento mais rápido. Fazer que as pessoas percebam que não são únicas em suas aflições traz um enorme alívio.
Uma das condições necessárias para a ação dos mecanismos terapêuticos é a coesão grupal. Caracteriza-se pelo pólo de interesse e envolvimento dos participantes, em oposição ao afastamento e ensimesmamento consigo mesmo. Yalom e Leszcz (2006) definiram coesão como a resultante das forças agindo sobre os participantes, caracterizando a atração do grupo sobre seus membros. Em grupos coesos, predominam sentimentos de afeto, conforto e a sensação de pertencimento. Há envolvimento, investimento, exposição e, consequentemente, maior adesão e melhores resultados.
Caracterização do método
Dentre as metodologias desenvolvidas por Moreno, a psicoterapia de grupo foi a menos valorizada, talvez pelo fato de o seu criador ter priorizado os recursos de ação. Moreno (1993) a definiu como um método que aborda as relações interpessoais e as dificuldades dos seus participantes, sendo o trabalho centrado no grupo. Trata-se, segundo ele, de um processo terapêutico determinado pelas forças grupais atuando em sua estrutura.
Por outro lado, Moreno afirmou que o termo psicoterapia de grupo “se transformou no nome genérico de todos os métodos de tratamento grupal e contribuiu para criar uma base conceitual comum” (1993, p.22). Com isso, expressou o potencial transformador desse método em qualquer contexto de aplicação.
A psicoterapia de grupo tem sido objeto de muitas pesquisas, principalmente nos Estados Unidos, que confirmam seu potencial no que concerne à mobilização das forças grupais. Gunzburg (2005), psicanalista norte-americana, recomenda que o líder tome uma postura ativa de ajuda para que a queixa principal de cada participante seja expressa nas relações grupais. Por exemplo, quando o foco é a agressividade, deve-se estimular cada membro a manifestá-la nas inter-relações com os demais. A psicanalista enfatiza a necessidade de manutenção do número definido de sessões do programa, uma vez que a limitação do tempo cria uma pressão, que é uma importante estratégia terapêutica.
Essa autora enumerou as funções do coordenador que promovem a ativação dos recursos grupais:
1. Estabelecer pontes entre os participantes, buscando criar conexões emocionais e favorecer trocas interpessoais para uma comunicação com sentido.
2. Promover a educação emocional dos membros, ensinando-os a reconhecer sentimentos e identificando falas sem sentido ou silêncios que tenham conteúdos importantes.
3. Estimular a comunicação emocional, buscando cultivar interações baseadas em sentimentos entre os participantes.
4. Presentificar a experiência, trazendo preocupações passadas, futuras ou externas para o aqui e agora do grupo.
Independentemente do referencial teórico-prático adotado nas intervenções socioeducacionais, essas diretrizes, aliadas principalmente ao sociodrama ou a outro método de ação, têm se mostrado bastante eficazes.
A intervenção grupal de tempo limitado baseia-se numa proposta de trabalho com duração previamente definida, variando geralmente de oito a quarenta sessões, podendo chegar a sessenta.
Alguns aspectos são essenciais, como o manejo da limitação do tempo, a aceitação de que os objetivos serão limitados e a manutenção do foco no presente. O coordenador deve sustentar uma ação mais diretiva e flexível, com prontidão para a intervenção, estando preparado para valorizar o componente vivencial da sua prática.
Os participantes são apresentados à sua tarefa fundamental, que é constituir um grupo vivo por meio da liberdade de expressão e do compartilhamento da vivência. Essa experiência promove um aprofundamento crescente e o enriquecimento das relações humanas.
Para a otimização dos recursos grupais, preconiza-se que o objetivo da equipe de coordenação e dos participantes seja transformado conjuntamente num foco consensual a ser mantido até o final, com flexibilidade suficiente para adaptação às particularidades de cada grupo. Nos grupos socioeducativos, isso geralmente ocorre no primeiro encontro, enquanto nos terapêuticos, em encontros individuais e nas primeiras sessões grupais.
Constituição do grupo
O primeiro passo da equipe é preparar-se para a experiência grupal, estabelecendo os aspectos objetivos do programa (contrato). Essa etapa caracteriza-se basicamente pela preparação da equipe; definição do contexto (local, horário, equipe, honorários); composição do grupo e determinação de seu tamanho; seleção e preparação dos participantes (MacKenzie, 1996).
Composição do grupo
A composição dependerá basicamente do objetivo e da amplitude do contrato, que define o tamanho do grupo e os critérios para seleção dos participantes.
Grupos homogêneos levam à abordagem de temas comuns, facilitando um envolvimento mais rápido. Experiências difíceis semelhantes facilitam a identificação com os demais e o reconhecimento de si próprio. Por exemplo: um obeso muito provavelmente sabe o que é comer escondido e poderá perceber com facilidade os indícios desse comportamento, ajudando o outro a se expor, assim como se reconhecerá nessa experiência.
Tamanho do grupo
Pressupondo que o tamanho determina as características, a dinâmica e o caráter do grupo (Weinberg e Schneider, 2006), o coordenador precisa ter claro seu objetivo para que possa escolher entre os pequenos grupos (sete a doze participantes – para alguns até quinze), os médios grupos (dezoito a vinte – para alguns, até trinta) e os grandes grupos (acima de trinta, quarenta, oitenta ou mesmo centenas).
No enfoque socioeducativo, principalmente em escolas e empresas, a privacidade dos participantes deve ser preservada, o que torna grupos maiores indicados, diferentemente dos grupos voltados para o desenvolvimento pessoal ou com função terapêutica. Nestes, o aumento do número de participantes leva a mais interações, o que, segundo MacKenzie (1990), provoca um impacto no grupo, trazendo maior complexidade para o coordenador.
A psicologia social (MacKenzie, 1990) julga que grupos com menos de cinco participantes gastam muita energia nas negociações de parcerias; grupos com cinco a dez participantes seriam mais propícios às alianças em subgrupos, às mudanças de papéis e posições, sem que houvesse necessidade de reorganização total da estrutura grupal. O tamanho tecnicamente ideal para alguns autores conta com cinco a sete participantes, já que o número ímpar dificulta polarizações.
Algumas tendências observadas em grupos maiores são (MacKenzie, 1990):
- Ampliação da busca por liderança, fazendo que aqueles com essa habilidade tornem-se foco das expectativas do grupo.
- Aumento de subgrupos, pela necessidade de formação de parcerias e de maior intimidade, diminuindo a possibilidade de acompanhamento da participação individual.
- Diminuição na participação daqueles que não dominam a discussão.
- Instauração de um clima mais seguro porque as pessoas arriscam menos, tendendo a uma participação caracterizada pela busca de informações.
- Manutenção de um número maior de relacionamentos por parte de cada participante, que passa a dispor, porém, de menos tempo para se dedicar a cada um deles.
- Diminuição da tendência a lidar com questões pessoais ou usar de responsabilidade pessoal para a direção grupal.
- Redução da atenção ao próprio comportamento e à forma como é percebido pelos outros.
- Intensificação da tendência a comportamentos menos inibidos, com aumento dos impulsivos.
Seleção dos participantes
No processo de seleção dos participantes, a equipe deverá estar atenta ao objetivo de coesão e à possibilidade de adaptação ao grupo. Para Rutan e Stone (2001), o participante ideal em modalidades de curta duração é aquele com boa capacidade para envolver-se em relacionamentos, observar a si próprio, ouvir o outro, vivenciar e relatar sentimentos.
Embora essa definição não se aplique à maioria dos indivíduos que buscam ajuda, a equipe deverá tentar detectar algumas características que dificultam a participação.
Preparação para a experiência grupal
A preparação dos participantes envolve alguns aspectos ligados ao funcionamento do grupo, tais como definição de datas dos encontros, horário, duração, honorários etc., assim como elementos relativos à construção de atitudes e expectativas.
Algumas recomendações no caso de grupos de duração mais longa são: verbalizar sentimentos e pensamentos em relação aos demais; usar todo o tempo e ajudar os demais a fazer o mesmo; manter sigilo; desencorajar orientações relativas a contatos fora do grupo ou adaptá-las, se isso for conveniente; comparecer às sessões e notificar ausências; observar-se e participar sem julgamento; buscar relações com os outros, criando interações no aqui e agora. É recomendável também que possíveis dificuldades sejam antecipadas e que seja dada ênfase à importância de compartilhá-las com o grupo. O objetivo desses procedimentos é aumentar a chance de o indivíduo permanecer e ter contato com o efeito terapêutico da experiência (Mackenzie, 1996).
Coordenação da intervenção socioeducativa
Moreno (1994b) determinou princípios que regem o funcionamento dos grupos baseado em extensas pesquisas sociométricas sobre organizações espontâneas do ser humano. Identificou uma tendência de evolução, nos grupos, das formas mais simples para outras mais complexas, a qual chamou de lei sociogenética, definindo três etapas: isolamento orgânico, diferenciação horizontal e diferenciação vertical. Cada uma delas tem um estilo próprio de organização interna, sendo que a passagem para a seguinte ocorre quando questões mais sensíveis surgem e podem ser abordadas, levando ao aprofundamento da experiência grupal. Essa progressão é mais visível em grupos fechados e de tempo limitado.
Na intervenção grupal de tempo limitado, a otimização dos recursos é garantida por meio da definição de estratégias de coordenação. A principal função do coordenador na etapa inicial é criar a cultura interna e garantir maior coesão, o que definirá a identidade grupal. Jorge Burmeister (2007) identifica as seguintes funções: ativar o grupo para que haja interação, aspecto necessário para a criação de uma base de confiança; manter uma escuta atenta, visando ao desenvolvimento da confiança no coordenador; manter uma postura ativa, inclusive para a recondução ao foco quando este se distancia; facilitar o apoio mútuo, condição possível nos grupos e um importante fator terapêutico.
Articulando o referencial psicodramático para direção grupal (Knobel, 2006) ao conceito de fronteiras e de tarefas propostas pela teoria sistêmica (MacKenzie, 1990), temos os movimentos descritos a seguir:
Isolamento: caracteriza-se pelo momento inicial, quando os participantes chegam e se reconhecem no aqui e agora. Aqui, a principal tarefa é o estímulo do envolvimento e da afiliação, por meio da exploração de coisas únicas no grupo, comparadas com experiências relacionais externas (fortalecimento da fronteira externa).
Diferenciação horizontal: caracteriza-se pela busca da participação de todos, desenvolvendo a confiança. Aqui a tarefa principal é entrar no grupo, o que geralmente ocorre por meio da apresentação de cada um. O reconhecimento das semelhanças entre os participantes estimula o fator terapêutico da universalidade. No início da experiência grupal, a apresentação e o sentimento de pertencimento tendem a ser mais importante que o conteúdo abordado (fortalecimento da fronteira externa).
Diferenciação vertical: caracteriza-se pelo desenvolvimento de estratégias para resolução de conflitos, tendo como principal tarefa o reconhecimento das diferenças entre os membros (fortalecimento da fronteira individual).
O aprofundamento tende a ser maior nos grupos com função terapêutica e de desenvolvimento pessoal. Neles, é incentivada uma complexidade crescente das tarefas, fortalecendo as outras fronteiras.
O planejamento de um programa de intervenção socioeducativa
Mackenzie (1990) menciona que 50% dos pacientes que iniciam um processo psicoterapêutico permanecem até a oitava sessão, enquanto 75% dos que participam de processos com tempo limitado comparecem até a vigésima sexta semana, com uma permanência média de 15,4 sessões. Assim, afirma que quando o coordenador define o término (tempo limitado) há uma permanência maior. A limitação do tempo pode ser considerada, portanto, uma estratégia válida para maior adesão.
O planejamento inicia-se pela definição do foco. As principais características da população em questão e o contrato estabelecido definirão o tamanho e a composição do grupo, assim como a duração do atendimento.
A distribuição dos temas deve ser feita considerando-se as etapas de desenvolvimento grupal. No início, a prioridade é constituir o grupo, cabendo temas que possam favorecer essa tarefa. Por outro lado, ao final, faz-se necessário o planejamento do encerramento, que deve visar à integração do que foi construído e ao empoderamento de cada participante por meio da concretização do que está sendo levado da experiência para a vida.
Os temas são escolhidos com base em evidências apontadas pela literatura científica, na experiência profissional da equipe, assim como em dados levantados em pesquisas prévias. Fleury e Abdo (2005) apresentaram alguns referenciais para que seja feita a escolha nessa proposta de trabalho.
Podem ser previstas sessões livres, com temas que emergem do próprio grupo, porém considerando aspectos como a duração da intervenção, a habilidade do coordenador e a necessidade do grupo. Em qualquer circunstância, nessa modalidade de intervenção deve-se buscar a manutenção do foco estabelecido previamente.
Conclusão
Alguns países têm preconizado terapias em que o profissional segue estratégias prescritas sob a forma de um manual. A intervenção grupal de tempo limitado não segue essa tendência. Propõe um programa para otimização do tempo. Porém, o plano de ação será sempre construído segundo a necessidade do grupo. Essa intervenção valoriza a soberania dos processos grupais sobre qualquer pauta preestabelecida.
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[1] Matriz sociométrica é o termo utilizado por Moreno (1994a) para designar as estruturas sociométricas invisíveis no grupo, mas que podem ser explicitadas no trabalho grupal.